Análise do campo de conhecimento sobre contabilidade de ativos biológicos no Brasil uma década após a edição do CPC 29

Resumo

A representatividade do PIB do agronegócio brasileiro no PIB total, a diversidade de ativos biológicos e produtos agrícolas do país e a posição do Brasil no cenário do agronegócio exportador mundial têm demandado da academia brasileira a construção de conhecimentos em torno da contabilidade de ativos biológicos, desde a adoção da norma internacional aplicada ao setor (IAS 41) – editada no Brasil como CPC 29, em 2009. O objetivo deste estudo é caracterizar o campo de conhecimento sobre o reconhecimento, a mensuração e disclosure de ativos biológicos no Brasil após uma década da edição do CPC 29, considerando múltiplas perspectivas, a saber: a academia, a prática profissional e órgãos reguladores. Como proxy para caracterizar esse campo de conhecimento, na perspectiva da análise documental, foram utilizadas informações das seguintes fontes: i) a publicação científica em contabilidade de ativos biológicos (estudo bibliométrico); ii) práticas contábeis com base nos relatórios de auditoria; e iii) conhecimentos de contabilidade de ativos biológicos exigidos pelo órgão regulador, com base nas provas do Exame de Suficiência. Como resultados, destacam-se: as práticas contábeis de mensuração/evidenciação nas entidades ainda demandam aprimoramentos, o que poderia ser explicado pela complexidade dos procedimentos contábeis com ativos biológicos e limitações nesse campo de conhecimento; durante oito anos, ao longo de 15 (quinze) edições do Exame somente em duas provas o órgão regulador responsável exigiu conhecimento sobre contabilidade rural/agronegócio dos egressos no Brasil; estudos desta década (2010-2018) demonstram que as empresas listadas não estão atendendo à totalidade das premissas contidas no CPC 29, apresentando, em muitos casos, níveis insatisfatórios de disclosure, especialmente, o obrigatório.